Entrevista com Macumbazilla: confira os detalhes desta nova etapa da carreira da banda, em um bate-papo com o músico André Nisgoski
12/02/2020 10:59 em Redação RocKMetal

Uma das bandas mais brilhantes de Curitiba/PR, o Macumbazilla, vem trabalhando pesado na produção de conteúdos inéditos que serão gradativamente apresentados ao público brasileiro. Em processo de divulgação de dois singles que estarão presentes em seu próximo registro de estúdio, o vocalista e guitarrista da banda, André Nisgoski, concedeu uma entrevista exclusiva à Roadie Metal, onde fala sobre as faixas, Hellhounds e Morningstar, lançadas no final de 2019 e dando início ao processo de apresentação, daquele que será o material novo do grupo. Confira:

Em 2015 vocês lançaram o EP homônimo com três faixas, rapidamente o material foi absorvido pelos fãs ao redor do mundo. Porém foram mais de 05 anos para um novo single ser oficialmente lançado, o que levou a banda a esperar por tanto tempo?

ANDRE: Na verdade muitas coisas aconteceram, (risos)!

Muito tempo atrás tínhamos gravado parte desse material, que era para ter sido parte do nosso primeiro full lenght.

Coisas aconteceram e esse trabalho magicamente (ou tragicamente) nunca foi terminado, às vezes o mundo dá uma chacoalhada nos seus planos para ver o quanto você consegue se reorganizar, (risos).

Honestamente hoje em dia acho que foi para o melhor, claro que na época não achei.

Mas, as coisas se alinharam de uma maneira que conseguimos revisitar as antigas músicas, e criar novas, e agora trabalhando com o Tiago Brandão do Vox Dei, conseguimos finalmente dar vida a esse monstro.

Quase no final de 2019, vocês apresentaram o single, Hellhounds, conte-nos como foi compor essa música inspirada em Robert Johnson, de onde surgiu essa ideia e qual a relevância dele para a musicalidade do Macumbazilla?

ANDRÉ: Robert Johnson é uma das referências de Hellhounds, a canção Hellhounds on my trail é uma das canções que ajudaram a começar toda essa mística de envolvimento de músicos com o ocultismo e tudo mais, e ao mesmo tempo, existem teorias de que essa música falava sobre a perseguição racial que ocorria na época do músico.

Hellhounds pode ter vários significados diferentes, como boa parte das músicas do Macumbazilla, pode ser sobre as escolhas que se faz e suas consequências, sobre o cerceamento do livre pensamento e expressão, sobre um pacto com o diabo, sobre o ciclo do poder, que é meio que igual a um pacto com o diabo, (risos), enfim.

Já andamos namorando com elementos do blues como a harmônica em blood, beer and broken teeth e agora colocamos esse elemento novamente em Hellhounds.

https://open.spotify.com/track/2CsKtQud7xt81J3vzyKArI?si=dGmI2b8hRHOlfDgNgpH78Q

Ainda sobre Hellhounds, a música mostra algumas nuances mais pesadas e modernas. Essa será uma tendência para os novos materiais? Nesses quase cinco anos sem lançamentos, o que os fãs podem esperar de diferencial nas músicas do Macumbazilla?

ANDRÉ: Nós não temos um “ideal” de som, creio que será visível ao longo dos lançamentos que as músicas acabaram criando uma peculiaridade, mas acho que soar pesado é algo que sempre acabará acontecendo.

No dia do natal, foi apresentado ao público, o single “Morningstar”. A faixa fala sobre o suicídio que é justamente mais cometido no dia 25 de dezembro. Qual a mensagem que a banda quer passar com essa música profunda e reflexiva?

ANDRÉ: As festas de fim de ano são um momento para se passar com a família e com as pessoas que amamos. Aproveitamos para lembrar também que às vezes é importante prestar mais atenção aos que estão próximos, a depressão é um mal silencioso, que pode levar ao suicídio. Segundo a OMS uma pessoa se suicida a cada 40 segundos.

A sociedade parece não estar preparada para lidar com esse mal incapacitante, as vezes tratando como frescura ou como algo de momento, o que é muito leviano.

A estigmatização desse problema só faz com que a pessoa afetada fique reclusa e não tenha condições de dar o primeiro passo que é buscar ajuda especializada.

Acho que a mensagem que queremos passar é de que se você sente que tem algo que está te incomodando, cante suas tristezas, procure ajuda, você não está sozinho.

Mais de 264 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão.

Dois detalhes interessantes sobre Morningstar, é que o clipe criado tem a participação de vários músicos de Curitiba e arranjos sinfônicos da Orquestra de Cordas de Iguaçu. Como vocês chegaram a esses nomes e como foi trabalhar com instrumentos que nunca tinham sido incluídos na sonoridade da banda?

ANDRÉ: Às vezes tudo conspira para algo acontecer, com Morningstar foi assim.

Sabíamos que Morningstar merecia um trabalho de produção mais elaborado, ainda não tínhamos certeza do caminho.

Minha mãe veio a falecer ano passado, e no dia em que completou um mês da transição dela, eu sentei e acabei compondo os arranjos de cordas. Quando mostrei para o Tiago Brandão, ele falou com o irmão dele, Mateus, que é maestro e tinha acabado de chegar da Itália. O Mateus Brandão foi muito sensível em relação a todo o arranjo, chamou o pessoal da Orquestra de cordas do Iguaçu, que é nascida de um projeto social idealizado por José Maria Magalhães, violista, da Orquestra Sinfônica do Paraná, e busca a transformação através da oportunidade.

Teve início em 2011 com o objetivo de realizar a formação de crianças e adolescentes carentes como músicos instrumentistas. E fez toda essa parte acontecer, além de gravar ele mesmo o cello que acompanha o violão no começo da música.

Tanto o Tiago quando o Mateus se empenhou muito para podermos realizar esse projeto a tempo. Só posso agradecer muito a ambos.

E ainda contamos com a ajuda de nossos amigos para participarem do clipe, cada um deles foi responsável por depositar suas emoções ali, o que deixou esse clipe tão especial. Além de dois músicos da Orquestra de Cordas do Iguaçu.

https://open.spotify.com/track/0lgxe5kfKMDQziPlOxCicL?si=XuWAIp0RSyeQQee9l7Eurg

Ambas as faixas lançadas até o presente momento receberam trabalhos visuais de extremo bom gosto. Como vocês criam e desenvolvem os vídeos da banda e isso será uma tendência para todas as próximas músicas que forem lançar?

ANDRÉ: Para esses dois materiais contamos com o pessoal da ZNE, o Roberto Romero, dirigiu ambos os vídeos. Hellhounds teve ainda a mão do Fernando Kopp fazendo toda a criação e desenho de iluminação, foi um clipe elaborado, gravado na locação que boni do Corram para as Colinas arranjou para gente e não teríamos conseguido sem esses excelentes profissionais, ou sem o apoio da Bastards Brewery, que botou fé no projeto!!!!

Morningstar é um clipe bem mais emocional, como citado na pergunta anterior.

Mas gostaríamos muito de continuar mantendo esse padrão de sempre ter algo audiovisual acompanhando sim!

Falando sobre novas músicas, o Macumbazilla, está com alguma novidade para esse início de janeiro? Vem mais um single por aí? Conte-nos quais são os próximos passos!

ANDRÉ: Estamos finalizando mais um single, que não ficará pronto em Janeiro, e estamos estudando algumas possibilidades e propostas de lançar um disco ainda esse ano.

Esse possível álbum a ser lançado em 2020, irá seguir um conceito único, ou, vocês irão falar de assuntos diversos sem conexão lírica entre uma e outra faixa?

ANDRÉ: Não existe uma necessidade de contar uma história em um álbum inteiro ou fazer um conceito, tratamos cada música como se fosse única com sua própria mensagem

Formação:
André Nigoski – vocal/guitarra
Carlos “Piu” Schner – baixo
Júlio Goss – bateria

Mais informações:
Site Oficial
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Fonte: Gleison Junior
Redação: RocKMetal

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